Outra incrível
Para quem achava que os 2009 em Bordeaux seriam o máximo, a safra de 2010 está sendo saudada pouco depois de colhida, como o máximo entre aspas. Aspas no caso positivas porque se trata de uma safra menor. Menos quantidade significa em anos de boa distribuição de chuva mais qualidade. Mais refinamento nos vinhos, que ganham em profundidade e complexidade. Uma safra abundante é motivo de festa e de grandes vendas, anunciadas com estrondo. Uma safra refinada, trabalhada passo a passo, é motivo de orgulho e trabalho dedicado. A mão do homem aparece mais. Qualquer que seja a qualidade final dos 2010, vai ser difícil vender depois dos exageros de 09. Aconteceu em 2001, com a febre do 2000, aconteceu em 96, com os preços fora de propósito dos 05.
Leilões nas alturas
Já se tornou uma nota regular neste Express: os preços sempre ascendentes dos vinhos em leilões, sobretudo no extremo Oriente. As casas leiloeiras não param de bater recordes por caixa e por garrafa. Pelo telefone, um comprador da Ásia arrematou uma vertical de Chateau Mouton na Sotheby's por US$ 70 mil. Três vezes o preço base. Na Acker Merral de Hong Kong, seis magnuns de Romanée Conti chegaram a US$ 119 mil. Portanto, não são só os bordeaux, como Lafite e margaux. Em Nova York, na Sotheby's, uma caixa de chambertin de Armand Rousseau chegou a US$ 30 mil dólares. “O vinho permanece uma constante neste mundo que muda a cada dia”, disse um diretor da casa leiloeira. E que constante. Era um investimento. Agora é uma ostentação de status. Agora é uma ostentação de status.
Portfolio Symington
Das famílias do Douro, Symington Estates são uma assinatura tão antiga e fidalga quanto as mais venerandas, algumas que remontam ao século XVII. Dominic Symington, português daquelas escarpas íngremes que levam a quintas espetaculares e dramáticas vistas do rio entre montanhas, acrescenta a suas propriedades o selo Cockburn, estabelecido em 1815, e dono de um número maior de vinhedos Douro acima do que as demais casas da região. A Symingtom detém as marcas de Porto Dow, Graham's, Smith Wodehouse e Warre. Seus vinhos de mesa são hoje um ponto a favor do argumento de que as casas de Porto deveriam se dedicar aos vinhos de gastronomia - Altano e, sobretudo, Chryseia são grifes de bom gosto.
400 colunas
O leiloeiro e colunista Michael Broadbent comemorou suas 400 colunas na revista Decanter (muitas saíram em outras publicações) em meio a festivas garrafas e muitos elogios de colegas - que certamente o admiram pela longevidade. Michael já passou dos 80, dos quais mais de 50 dedicados à apreciação de vinhos. Seu livro sobre grandes vinhos de grandes safras só tem campeões de preço acima do comum dos mortais. Suas observações são acatadas a cada vez que se abrem raridades, porque certamente Michael já passou por elas e já deu uma avaliação, automaticamente seguida pelos colecionadores, já que no caso dele é difícil errar. O jantar de comemoração incluiu os vinhos oferecidos de Michael: Pol Roger Cuvée Sir Winston Churchill 90 em magnum. Mouton-Rotschild 90 em magnum, o sauternes Climens 71 e o Porto Graham's 70.
Inimigo chegando
Estou dando uma varredura no que me resta de adega neste início de verão, temendo, justificadamente, o excesso de calor e a estrutura frágil da maioria dos vinhos prontos da década de 2000. Estou falando, bem entendido, da supermaturidade de safras como a 03, 06 e a 08 em vinhos da Alemanha e Itália. Não estou levando em conta os bordeaux 06 nem os decantados 09, que ainda não nos chegaram. Nos brancos, essa qualidade redonda de que tanto se falou quando saíram, inclusive os 05, vai de encontro ao nosso verão úmido. Minha sugestão é que se consumam mais cedo, agora os 09, por exemplo, já que os alemães 08 estão ficando supermaduros. Não temos um clima para guardar vinhos, mesmo com adega, essa que é a dura verdade.
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