quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Vinho - a melhor bebida do mundo depois da água - parte 15

Expansão e retração

O mercado do vinho segue opaco, insensível às vezes, obedecendo a leis que desafiam os economistas, e muito mais os amadores de vinho. Como entender que um tinto da Ribera del Duero, região espanhola que nos últimos 20 anos teve grande desenvolvimento, custe mais que um vinho feito há quatro séculos no Vale do Loire, interior da França. De acordo com as tradições? Pois assim é. Um Arxzuaga tinto que tomei esta semana, riberano como os demais grandes marqueses espanhóis, era de 2005, tinha um traço de presuntos e cgharcuteruia, uma rolha e uma garrafa espessas e custava muito. Um tinto simples Argiolas, da Sardenha, de dois anos de idade, causou uma impressão bem mais forte...

Nuvens na foz

O muscadet, quem diria, está passando por maus momentos. Um branco simples da foz do rio Loire, que tem muito mais de mar e de marinheiro do que os demais vinhos franceses, talvez o único do país que realmente se case com as ostras e os frutos do mar, está agora atravessando uma crise de identidade - que se traduz numa crise financeira grave. Um terço dos produtores está na iminência de fechar o negócio - cerca de 60 vinicultores e mais de 100 talvez tenham que renegociar as dívidas nos próximos meses. Justamente o muscadet, o menos caro dos vinhos franceses, herói de tantos filmes de gente simples que parava no meio da rua para tomar um copo de vinho.

Alemães preocupados

Depois de uma série de anos espetaculares no Reno e nas demais regiões vinícolas, os produtores alemães tiveram em 2010 dois instantes de amargor. Foi a menor safra em volume em 25 anos, em algumas áreas como o paltinado e o Theinessen a produção caiu mais de 20%. O que significa certamente menos uvas para a produção do vinho mais caro deles, o eiswein, o vinho locoros que atinge preços incríveis - alguns inclusive só são vendidos em leilões apenas, estão fora do comércio. Mas os alemães já conheceram crises antes. A do vinho da garrafa azul e do liebfraumilch até hoje os machuca, e como...

Carta aos ex-fãs

Uma carta de leitor da revista Decanter traduz o sentimento de milhares de apreciadores de vinho mundo afora que se viram de repente expulsos do mercado de tintos franceses de Bordeuax, simplesmente por que o preço dessas commodities ficou inalcançável para pessoas comuns. Diz o leitor: "Cansei se gostar de uma região que não gosta de mim. Bordeaux foi em frente, para a China e quem sabe para mais longe, por que eu também não vou?" Exato. Há alguns anos minha pequena confraria no Rio de Janeiro decidiu buscar opções - e as encontramos, com felicidade, na Itália, na Áustria, em Portugal e na própria França, que também não gosta de Bordeaux.

Vinhos de festa 1

Vinhos para o fim de ano? Lembro-me dos grandes champanhes, e só eles merecem atenção à mesa. Começo por Pol Roger Cuvée Sir Winston Chruchill de anos anteriores a 2008 e se não houver, que seja uma garrafa de Bollinger La Grande Année igualmente safrada, digamos de 95 ou 96 ou de ano anterior. Fora desses famosos, eu procuraria os artesanais, Larmandier-Bernier em primeiro lugar, seguido de Egly-Ouriet. No Brasil já temos o Barnaut, importado pela Decanter de Santa Catarina, mas ainda estamos à espera de Richard Cheurlin e Henri Giraud, nomes por enquanto ainda estranhos.

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