Mudança de nome
Os italianos da região do Vêneto, que fica entre Veneza e Verona, disseram basta. Uma lei recente, aprovada localmente, determinou que a palavra prosecco não designa mais a uva branca, ácida e abundante capaz de fazer aquelas bolinhas que se tornaram famosas em todos os coquetéis mundo afora. O vinho continua a se chamar prosecco. A uva passará em 2011 a se chamar Glera em todas as zonas DOC (denominação de origem controlada) e DOCG (denominação de origem controlada e garantida), nas zonas plantadas tanto da região do Veneto como da região do Friuli-Venezia-Giulia. O propósito da nova nomenclatura é impedir piemonteses, australianos e americanos que produzam prosecco não original e o lançarem num mercado cada vez mais sedento de espumantes.
Leveza turística
O Prosecco di Valdobbiadene ou o Prosecco di Conegliano ocuparam há mais de 10 anos um espaço que os espumantes de outros países deixaram vago - o dos vinhos de aperitivos que se pareciam com os champanhes, mas eram mais frutados, às vezes, e menos densos. Foi uma febre mundial. O nome prosecco passou a ser usado indiscriminadamente. A orientação dos conhecedores é tomá-lo o mais jovem possível, não guardar, porque as bolinhas, a leve efervescência, vão se dissipar em pouco mais de um ano. Entre os produtores se destacam Nino Franco, Adami, Bisol, Carpenè-Malvolti (este talvez o mais tradicional, autor de um vinho bem feito), todos com representação em São Paulo. Atenção, todos tem versões seca e suave.
Na outra ponta
No outro lado do espectro dos vinhos do Veneto estão os valpolicellas, os amarones e os reciotos, tintos de que muitos ouviram falar. São os mais potentes da Itália, capazes de chegar a uma gradação alcoólica superior a 16 graus. Alguns são obras de artesãos, difíceis de encontrar, feitos à moda antiga, com estilos próprios e quantidades mínimas. Outros aproveitaram a tradição local - a de "ripasso" - para elaborar vinhos densos, espessos, voltando-se para o doce e não para os sais ou a mineralidade. A técnica do ripasso é a volta do mosto (o vinho depois de prensado) aos tonéis onde ficaram as cascas das uvas. Este estágio sobre as cascas dá maior coloração e concentração ao vinho, que ganha em teor de açúcares naturais e, consequentemente, em gradação alcoólica.
Nomes famosos
Os amarones são o primeiro dos tintos dessa região vêneta. Os valpolicellas, antigamente bastante comuns, também ganharam ares de grandeza nos últimos 20 anos. Os reciotos são a versão licorosa, de sobremesa, desses vinhos possantes, feitos a partir de uvas secas ao sol. Os nomes a guardar nessa galeria de vinhos caros são Alighieri, Allegrini, Dal Forno (este bem acima das possibilidades do comum dos mortais), Masi, Quintarelli (também um vinho de boutique, de preço elevado), Zenato, Bertani e Le Ragose. Muitos produtores preferiram sair da denominação Amarone ou Valpolicella e fazer vinhos especiais com nomes próprios, a partir de misturas com outras uvas locais. La Grolla, La Poja e Pallazzo della Torre são exemplos desses vinhos da família Allegrini. Toar é um especial da família Masi.
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