Alternativa 1
Está tudo tão caro no mercado internacional que precisamos pensar na alternativa. Em outras opções. Por enquanto para nós está bem, com o dólar baixo, as importadoras com catálogos espessos, mesmo que não tenham para entrega em tempo breve. Então, que tal pensar em vinhos que tenham características parecidas com os grands ícones? Se você gosta, por exemplo, de pinot grigio, um vinho que se encontra cm certa facilidade nas cartas de restaurantes - mesmo do Rio, vejam só - por que não um gruner veltliner austríaco? Não é o mesmo DNA, mas são vinhos de traços semelhantes, corpo e aroma. Ah, os restaurantes não têm. Mas que tal pedir para incluir na carta?
Alternativa 2
Pouilly fuimé é um vinho que sofre de um mal léxico. As pessoas se acostumaram no passado a um vinho do sul da Borgonha, chamado pouilly-fuissé, que imitava os primos, e acabava custando caro, como custa até hoje. Já os poulyys fumes são de uma outra cidade. Às margens do rio Loite, nada a ver com a Borgonha, chamada Pouilly-suir Loire. Ora, um é feito com a uva chardonay. Este do Loite é feito com a uva sauvignon blanc, que às vezes localmente eles chamam de fumé blanc. Pois bem, se esses vinhos estiverem fora do alcance tente um branco da ilha de Santorini na Grécia. É mineral, fresco e tem grande capacidade de envelhecimento. Os gregos experimentaram amadurecê-lo em carvalho - fica bom, mas nem tanto. Prefira os minerais, nesse, caso, jovens e aromáticos.
Borgonhas ou o sul
Os borgonhas brancos de alto nível são raros, caros e nem sempre os escolhemos bem. Ou estamos diante de uma grande marca ou família - e aí o vinho tem qualidade, mesmo que não seja excepcional ou valha o preço que por ele se cobra - ou então nos decepcionamos com alguma coisa caramelada, com gosto de verniz. Para simplificar, como não temos muita escolha, por que não insistir com o sommelier ou com a importadora nos brancos do sul da França, por exemplo, da região do Roussillon. Vizinha do Languedoc? Já se falou mal dos vinhos do sul, mas isso foi no passado. Agora há por lá vinhos frescos e aromáticos em Bandol, em Corbières, em Faugeres, na foz do Rhone e por toda a extensão da Provença. O sul é o sol, e se a uva for bem tratada, belos vinhos vão acompanhar os frutos do mar.
Semelhança buscada
Nessa questão de substituir os vinhos pela semelhança, ou pela sensação olfativa ou gustativa que por acaso provoquem. Hugh Hohnson sugere os espanhóis da uva mencía para tomar o lugar do cabernet-franc. Acho difícil que algum vinho tinto se pareça com os cabernets-francs do rio Loire, uma região pouco explorada pelo comércio internacional. Mas experimentei a uva mencía. É da região de Bierzo, na Espanha, e acredito que se eles forem sensatos vão deixar aqueles taninos frescos e jovens como são, sem arredondar em madeira. Os franceses do Loire fazem tintos em Bourgueil e Chinon, duas cidades medievais para não esquecer. Os espanhóis com a mencía buscam o mesmo frescor. Não são vinhos de guarda, mas de prazer imediato.
Syrah ou shiraz
Tanta gente me pergunta sobre essa uva mágica, capaz de fazer vinhos de longevidade legendária e ao mesmo tempo de prazer imediato, fresco e polpudo como uma fruta madura do bosque. Pois bem, a syrah é talvez a mais antiga das uvas vinícolas. Foi descoberta no Cáucaso, provavelmente, mas cultivada com atenção na antiga Pérsia, na cidade que leva seu nome. No rio Ródano (Rhone) atingiu a fama. Com os vinhos do vilarejo de Hermitage e arredores. Atinge preços incríveis nos leilões. Talvez por essa razão os australianos tenham se dedicado a ela e feito vinhos históricos como o Grange Hermitage. Se não houver shiraz australiano por perto, que tal um tinto da mesma uva do Chile?
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