- Existem duas vertentes de pensamento. Aquela que postula que não devemos compartilhar nossas mazelas para não causar desconforto ao leitor e a outra, contrária, que aposta na exposição dos seus piores momentos como alento para todos os que passam por problemas semalhantes. Vou pela direita.
Não sou do tipo que faz drama com as próprias doenças ou coisas do gênero. Mas tenho um princípio de osteopenia e caso de osteoporose na família. Prognósticos para o futuro não são exatamente lindos. Melhor saber agora e começar a lidar com o fato.
Voltar ao passado e tentar encontrar as raízes do problema não vão adiantar muito agora. Só sei que muita gente que nasce pobre como eu, não tem aqueles privilégios de leite A, queijo em abundância e cálcio farto. Acho que só fui conhecer iogurte quando já era adulta, mesmo período em que adquiri minha primeira bicicleta e pude começar a comprar fio dental. No meu tempo de infância escova de dentes era algo do tipo uma por encarnação. Resultado: tenho ossos fracos e uma dentição idem.
Há pouco tempo descobri que estava com um problema em um dente. A raiz estava comprometida. Tentamos de tudo (são dois dentistas competentíssimos, o Dr. Edson Saito e o Dr. Francisco Todescan). Não havia o que fazer, a única opção era tirar o dente, implantar um pino e colocar um dente artificial no lugar. Não é fácil perder um dente, o Léo que o diga (#InsensatoS2). Faz muito mal pra auto-estima.
Sem contar que dente, pra mim, tem uma ligação cósmica com morte. Perder um dente, por mais traseiro que ele seja na sua boca, é morrer um pouco. Antigamente dizia-se que pra cada gestação perdia-se um dente, olha que horror.
Adiei o quanto pude porém,hoje foi o dia. Tudo estava preparado para que eu fosse ao dentista e, no mesmo dia, fizesse a cirurgia, colocasse o pino, whatever e fosse direto para o Dr. Edson para colocar o dente provisório.
Isso era a teoria.
Peguei um táxi, fui ao consultório, tomei um monte de remédios (incluindo o primeiro calmante da minha vida) e começamos o procedimento. Quando tudo já estava mais ou menos terminado, o Dr. Todescan disse que não ía poder fazer o implante agora. Não tenho osso suficiente no local. Me deu vontade de chorar. Olha, não tem osso, sou uma pessoa fraca,sem cálcio, sem garras e que não tem sustentação pra um pino. Ele teve que fazer alguma coisa como um 'enxerto' ou sei lá como chama, para poder 'gerar osso', pra depois poder implantar a coisa. Vai ser um processo longo e demorado.
Pronto, começou a temporada de paranóia. Viajo pra lá e pra cá, dou palestras, trabalho, gravo. Como vou conviver com isso?
Não sei.
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