- Ele não tem um lado negro, nem complexo de culpa e tampouco é um menino mimado que nasceu com tudo para ser herói. Steve Rogers é só um garoto magrelo nascido no Brooklyn e movido pelo patriotismo, que sonha em se juntar ao exército americano para combater os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Só falta o Tio Sam aceitar.
Hugo Weaving (Johann Schmidt/Caveira Vermelha) e Chris Evans (Steve Rogers/Capitão América): vilão e herói de 'Capitão América - o primeiro vingador' (Foto: Divulgação/Paramount)
Capa da edição número 1 da revista do Capitão
América, de 1941 (Foto: Marvel Comics/AP)
Chris Evans é fotografado durante a filmagem de 'Capitão América'. Além de efeitos especiais para emagrecê-lo, ator também perdeu peso para filmar a primeira parte da história (Foto: Divulgação/Paramount)
Depois de inúmeras tentativas frustradas de se alistar, Rogers agarra-se, sem pestanejar, à única chance que lhe é oferecida para se tornar um deles: entrega-se como cobaia de um experimento científico militar que promete transformá-lo em um supersoldado. Nasce o Capitão América.

Um dos primeiros heróis da editora Marvel - dos tempos em que a companhia ainda se chamava Timely Comics, no final dos anos 30 -, Capitão América é também um dos seus mais unidimensionais. Ao lado do Superman, da rival DC, faz parte da chamada Era de Ouro dos quadrinhos, quando super-heróis tinham necessariamente de encarnar as melhores virtudes do homem americano - e de preferência vestir as cores da bandeira do país no uniforme.

América, de 1941 (Foto: Marvel Comics/AP)
Fiel em alguns aspectos (especialmente no que diz respeito à origem do personagem), mas livre para reinventar em outros, "Capitão América: o primeiro vingador" chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (29), e presta uma homenagem às primeiras histórias publicadas por Joe Simon e Jack Kirby em 1941.
Em suas primeiras "missões", quando é apenas um garoto-propaganda da participação americana na Segunda Guerra, o herói interpretado por Chris Evans ("Scott Pilgrim", "Os perdedores") usa a fantasia de malha e o escudo parecidos com os das HQs originais. A capa da primeira edição da revista também é mostrada na tela, como objeto de culto da criançada.
Aventura à moda antiga
A opção do diretor Joe Johnston ("The Rocketeer", "Parque dos dinossauros III") em ambientar quase que 100% da história na década de 1940 também contribui para dar ao longa um ar de aventura (das boas) à moda antiga.
A opção do diretor Joe Johnston ("The Rocketeer", "Parque dos dinossauros III") em ambientar quase que 100% da história na década de 1940 também contribui para dar ao longa um ar de aventura (das boas) à moda antiga.
Sendo assim, claro que não poderia faltar um bom vilão. E o Caveira Vermelha vivido por Hugo Weaving é possivelmente o melhor representante do gênero desde o Coringa de Heath Ledger.
Aqui, o Agente Smith de "Matrix" dá lugar ao nazista Johann Schmidt, chefe de uma divisão secreta de Adolf Hitler que emprega a pesquisa arqueológica e a ciência para aumentar o poderio bélico do Reich. Só que como todo gênio do mal dos quadrinhos, Schmidt/Caveira não pensa exatamente em ajudar o chefe, ele quer destruir o mundo!
Mas Weaving - mestre indiscutível na arte de interpretar vilões - não é a única escolha acertada do elenco. Tommy Lee Jones, como o durão Coronel Phillips, é responsável por alguns dos melhores momentos cômicos do filme. Líder do pelotão ao qual Rogers é convocado, ele não perde a chance de tirar um sarro do supersoldado bonitão que, até ontem, era um franzino que mal conseguia fazer flexões de braço.

Até nos papeis menores, há espaço para bons atores brilharem, como Stanley Tucci ("O terminal") na pele de Dr. Abraham Erskine, cientista que comanda a transformação de Rogers em Capitão América, e o nanico Toby Jones ("Harry Potter"), cérebro do mal que ajuda o Caveira Vermelha em seus planos de destruição.
Evans, por outro lado, não chega a ser um Robert Downey Jr. ("Homem de Ferro"), mas sua atuação equilibrada consegue dar credibilidade ao herói obstinado e puro de coração. Parte dos créditos, no entanto, tem de ser dada à equipe de efeitos especiais, que consegue transformar o galã musculoso da vida real em verossímeis 40 kg de pele e osso (e bits).
Último "vingador" a ganhar as telas, "Capitão América" amarra bem as pontas para a aguardada reunião dos Vingadores no cinema, que deve estrear em 2012. Sob o guarda-chuva do supergrupo, vão se juntar em um só filme os elencos de "Hulk", "Homem de Ferro", "Thor" e "Capitão América". Este último, apesar de chegar só agora ao clube, leva o subtítulo de "o primeiro vingador" na versão nacional pois caberá a ele liderar o grupo no ato de sua criação.
Apesar de um ou outro escorregão pelo caminho - o "Hulk" de 2008 foi um fracasso, tanto que Edward Norton deu lugar a Mark Ruffalo -, o que vem daqui para a frente promete.
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