Lara Croft: Tomb Raider (Foto: Divulgação)
Claro, Croft não foi a única. Muito antes havia a Samus Aran, identidade da personagem principal de Metroid, embora isso só tenha sido revelado ao final do primeiro game, para Nintendo 8 bits em 1986. Outra da mesma época foi Alis, a heroína de Phantasy Star, lançado em 1988 para o Master System, da Sega. E teve também o grande da Chun Li, da série Street Fighter, em 1991.
Angelina Jolie como Lara Croft (Foto: Reprodução)
Nenhuma dessas, no entanto, conseguiu o status de sex-symbol como Lara Croft. Tanto que até mesmo a beldade Angelina Jolie interpretou a personagem em dois filmes em Hollywood, ambos de grande sucesso. Até hoje, a heroína é uma das mais imitadas em convenções de cosplay.
Confira no TechTudo a trajetória da arqueóloga britânica, com suas variações que acompanharam o desenvolvimento gráfico dos consoles, além do inevitável amadurecimento dos jogadores.
Concepção
Lara Croft foi criada pelo designer Toby Gard, mas não foi concebida da forma como a conhecemos desde o início. Nos primeiros estágios de desenvolvimento do game, em 1993, o personagem principal era um homem musculoso indefinido, típico dos títulos de ação. Como a produtora Core decidiu que o jogo seria mais orientado para a resolução de puzzles, foi decidido que uma mulher se encaixaria melhor no perfil de aventureira.
Mas ainda houve evolução no conceito. Ela inicialmente se chamava Laura Cruz, mas a equipe achou melhor adaptar o nome para o público norte-americano, mudando-o para Lara. Com o desenvolvimento do roteiro, foi decidido que ela deveria ser britânica, trocando o sobrenome dela para Croft.
Até mesmo a personalidade dela foi mudando: no começo era mais fria e durona, do tipo militar. Com a produção avançando, Lara foi ficando naturalmente mais com um aspecto parecido com Indiana Jones. Claro que a equipe manter a personagem como mulher evitaria processos de plágio pela LucasArts, detentora dos direitos do aventureiro vivido nos cinemas pelo ator Harrison Ford.
Visual inicial
Tomb Raider em 1996 e 2007 (Foto: IGN)
Talvez um dos aspectos mais memoráveis da personagem acabou nascendo por acaso. Quando estava modelando a Lara em 3D no computador, Gard acidentalmente aumentou os seios dela em 150% a mais do que deveriam ser originalmente. Logo o designer percebeu o erro, mas a equipe da Core o impediu de consertá-lo, alegando que todos acharam melhor manter o enorme busto. O fetiche virou quase uma marca registrada, ajudando inclusive na escolha de Jolie para o filme.
Visto pela perspectiva atual, no entanto, o modelo antigo é horrendo. Como a capacidade técnica do Saturn, PlayStation 1 e PCs na época não eram tão boas, havia uma contagem de polígonos baixa até mesmo se comparando com jogos para celulares hoje em dia. Dessa forma, Lara possuía formas geométricas risíveis, com seios triangulares e articulações que a faziam parecer uma boneca de plástico.
Confira na imagem acima os modelos poligonais de Croft e suas respectivas renderizações na comparação entre a primeira versão de Tomb Raider e o remake Anniversary, lançado em 2007 para PC, PlayStation 2, PSP, Wii e Xbox 360. Ou seja: dá para ver que a idade só fez bem à personagem.
Evolução
A Evolução de Lara Croft (Foto: Reprodução)
Antes do Anniversary, porém, Lara foi gradualmente ganhando formas mais arredondadas. Em Tomb Raider II e III, já era possível conferir uma grande melhoria na contagem de polígonos e no acabamento final da personagem. Apesar de manter o mesmo figurino de collant e shortinho com coturnos, ela teve as juntas (cotovelo e joelho) suavizadas, com retoques também no rosto (ainda com sobrancelhas no melhor estilo Rita Hayworth).
Com a chegada do console Dreamcast, da Sega, foi possível aumentar a qualidade gráfica do jogo. Dessa forma, Tomb Raider: The Last Revelation, de 1999, trouxe uma Lara consideravelmente mais bem feita, com cantos arredondados e um visual pouco mais próximo de um desenho animado. No entanto, ela continua exibindo proporções irreais, com uma grande cabeça e cintura mais fina do que sua perna.
Já em Tomb Raider: The Angel of Darkness, a heroína faz sua estreia no PlayStation 2 em 2003 (junto com uma versão para PC e Mac). Com o hardware caseiro mais potente da época, a produtora Core conseguiu uma reformulação visual acentuada para a personagem. O salto de qualidade foi dos 500 polígonos para os 5.000 nesse jogo, com animações passando das 25 anteriores para aproximadamente 180.
Nova geração
Mas foi em Lara Croft Tomb Raider: Legend, de 2006, que a heroína começou a ganhar formas menos surreais. Saem a macrocefalia com testa imensa para um visual mais refinado, contando agora com 9.800 polígonos, mais animações e habilidades ainda mais acrobáticas. O título foi também bem difundido, já que foi lançado PC, PlayStation 2, PSP, Nintendo GameCube, Game Boy Advance, Nintendo DS, Xbox e Xbox 360.
No game seguinte (descontando o Anniversary), Tomb Raider: Underworld, de 2008, Lara manteve um pouco o visual, mas apresentando diferentes figurinos. Com a tecnologia disponível para o PlayStation 3, Xbox 360 e PC (embora ele tenha sido lançado também para Nintendo Wii e DS), os desenvolvedores puderam incluir efeitos como o visual molhado da arqueóloga após sair da água.
O jogo mais recente, Lara Croft and the Guardian of Light (para Xbox Live, PlayStation Network, Steam e iOS) já mostra gráficos um pouco mais realistas, abandonando cada vez mais o aspecto de desenho animado da série. Mas será com o futuro Tomb Raider, ainda não lançado, que a personagem ganhará sua segunda grande reformulação, abandonando de vez o visual cartunesco.
Tomb Raider (Foto: Divulgação)
O reboot da série vai trazer uma Lara mais jovem, ainda inexperiente e lutando pela sobrevivência, ficando mais próxima do Nathan Drake, de Uncharted, do que do Indiana Jones. Pela primeira vez, o aspecto de Croft é realmente humano, sem exageros nas proporções. Talvez por ser a estreia da produtora Square Enix (da série Final Fantasy) na franquia, os desenvolvedores da empresa resolveram abandonar de vez o aspecto sexual: aqui, o foco é no jogo, e não nas curvas da personagem.
Isso mostra o amadurecimento da série e também dos jogadores, que não precisam mais de pseudo-erotismo em cutscenes com Lara seminua tomando banho. E também ameniza muito do sexismo da heroína, que passa a mostrar uma mulher muito mais real e, por isso mesmo, menos exagerada nas insinuações e decotes reveladores. Pode ser uma decepção para os fãs mais puristas, mas é, sem dúvida, um sinal de que a Square Enix vai investir em um Tomb Raider para todos sem ofender o sexo feminino. E isso só pode ser uma boa coisa.
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