Depois de inúmeras tentativas frustradas de se alistar, Rogers agarra-se, sem pestanejar, à única chance que lhe é oferecida para se tornar um deles: entrega-se como cobaia de um experimento científico militar que promete transformá-lo em um supersoldado. Nasce o Capitão América.
Hugo Weaving (Johann Schmidt/Caveira Vermelha) e Chris Evans (Steve Rogers/Capitão América): vilão e herói de 'Capitão América - o primeiro vingador' (Foto: Divulgação/Paramount)
Um dos primeiros heróis da editora Marvel - dos tempos em que a companhia ainda se chamava Timely Comics, no final dos anos 30 -, Capitão América é também um dos seus mais unidimensionais. Ao lado do Superman, da rival DC, faz parte da chamada Era de Ouro dos quadrinhos, quando super-heróis tinham necessariamente de encarnar as melhores virtudes do homem americano - e de preferência vestir as cores da bandeira do país no uniforme.
Capa da edição número 1 da revista do Capitão
América, de 1941 (Foto: Marvel Comics/AP)
Fiel em alguns aspectos (especialmente no que diz respeito à origem do personagem), mas livre para reinventar em outros, "Capitão América: o primeiro vingador" chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (29), e presta uma homenagem às primeiras histórias publicadas por Joe Simon e Jack Kirby em 1941.
Em suas primeiras "missões", quando é apenas um garoto-propaganda da participação americana na Segunda Guerra, o herói interpretado por Chris Evans ("Scott Pilgrim", "Os perdedores") usa a fantasia de malha e o escudo parecidos com os das HQs originais. A capa da primeira edição da revista também é mostrada na tela, como objeto de culto da criançada.
Aventura à moda antiga
A opção do diretor Joe Johnston ("The Rocketeer", "Parque dos dinossauros III") em ambientar quase que 100% da história na década de 1940 também contribui para dar ao longa um ar de aventura (das boas) à moda antiga.
Sendo assim, claro que não poderia faltar um bom vilão. E o Caveira Vermelha vivido por Hugo Weaving é possivelmente o melhor representante do gênero desde o Coringa de Heath Ledger.
Aqui, o Agente Smith de "Matrix" dá lugar ao nazista Johann Schmidt, chefe de uma divisão secreta de Adolf Hitler que emprega a pesquisa arqueológica e a ciência para aumentar o poderio bélico do Reich. Só que como todo gênio do mal dos quadrinhos, Schmidt/Caveira não pensa exatamente em ajudar o chefe, ele quer destruir o mundo!
Mas Weaving - mestre indiscutível na arte de interpretar vilões - não é a única escolha acertada do elenco. Tommy Lee Jones, como o durão Coronel Phillips, é responsável por alguns dos melhores momentos cômicos do filme. Líder do pelotão ao qual Rogers é convocado, ele não perde a chance de tirar um sarro do supersoldado bonitão que, até ontem, era um franzino que mal conseguia fazer flexões de braço.
Chris Evans é fotografado durante a filmagem de 'Capitão América'. Além de efeitos especiais para emagrecê-lo, ator também perdeu peso para filmar a primeira parte da história (Foto: Divulgação/Paramount)
Até nos papeis menores, há espaço para bons atores brilharem, como Stanley Tucci ("O terminal") na pele de Dr. Abraham Erskine, cientista que comanda a transformação de Rogers em Capitão América, e o nanico Toby Jones ("Harry Potter"), cérebro do mal que ajuda o Caveira Vermelha em seus planos de destruição.
Evans, por outro lado, não chega a ser um Robert Downey Jr. ("Homem de Ferro"), mas sua atuação equilibrada consegue dar credibilidade ao herói obstinado e puro de coração. Parte dos créditos, no entanto, tem de ser dada à equipe de efeitos especiais, que consegue transformar o galã musculoso da vida real em verossímeis 40 kg de pele e osso (e bits).
Último "vingador" a ganhar as telas, "Capitão América" amarra bem as pontas para a aguardada reunião dos Vingadores no cinema, que deve estrear em 2012. Sob o guarda-chuva do supergrupo, vão se juntar em um só filme os elencos de "Hulk", "Homem de Ferro", "Thor" e "Capitão América". Este último, apesar de chegar só agora ao clube, leva o subtítulo de "o primeiro vingador" na versão nacional pois caberá a ele liderar o grupo no ato de sua criação.
Apesar de um ou outro escorregão pelo caminho - o "Hulk" de 2008 foi um fracasso, tanto que Edward Norton deu lugar a Mark Ruffalo -, o que vem daqui para a frente promete.