terça-feira, 8 de março de 2011

Nova doméstica troca casa de família por faculdade

Edson Lopes Jr/R7
Joana trabalha há 7 anos como copeira, mas sonha em se tornar nutricionista para atuar como cozinheira profissional

O crescimento do mercado de domésticas em São Paulo, de 700 mil no ano passado para 770 mil no início de 2011, tem sido acompanhado por um aumento na busca de especialização por parte dessas  trabalhadoras, que sonham com melhores oportunidades de emprego.
No Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta terça-feira (8), mostramos o perfil da “nova doméstica”, a profissão que mais emprega mulheres no país. Ao todo, elas são 6,2 milhões em todo o país, de acordo com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Cada vez mais, a doméstica tradicional – que lava, passa, cozinha e cuida das crianças – tem sido substituída pela profissional do lar, que busca especialização em vez do acúmulo de funções.
Essa é a conclusão do estudo da Fundação Seade/Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que aponta uma melhora da escolaridade dessa população e a profissionalização de jovens nos setores de nutrição, secretariado e governanta bilíngue.
Com isso, a participação das mulheres ocupadas com nível superior cresceu 64,3%, contra 34,2% para os homens - hoje elas são maioria entre os trabalhadores no país que têm um diploma de faculdade.
Joana Martins Freire, de 39 anos, é uma dessas trabalhadoras. Copeira há sete anos, ex-faxineira e moradora desde os 4 anos de idade em casa de família, ela divide a rotina dos cafés com o sonho de ser cozinheira. Para isso, Joana se matriculou em uma faculdade de nutrição e já faz planos.

'Vi que uma moça da minha empresa foi contratada como nutricionista e fiquei interessada em entrar na área. Gosto de cozinhar e na profissão eu consigo juntar a vontade com a possibilidade de ter um emprego melhor.
'
O maior acesso à informação traz consigo uma maior conscientização dos direitos das domésticas, conforme explica Leila Luiza Gonzaga, analista de mercado de trabalho da Fundação Seade.
'Quanto maior a escolaridade, melhor inserida a mulher está no mercado de trabalho [...]. Pela CBO [Classificação Brasileira de Ocupações], a empregada doméstica inclui as funções desde babá a cozinheira e faxineira. A diferença está no rendimento, que acaba sendo maior.'
Os anos de estudo refletem ainda na diferença entre os salários das mulheres e dos homens, que passou a ser menor nos últimos dez anos. Enquanto em 2000 as trabalhadoras ganhavam 73,6% da porcentagem do salário dos homens, no ano passado subiu para 75,7%.
 A boa notícia é que o mercado de trabalho está cada vez mais aberto a esse tipo de profissional. O motivo? O aumento na renda do brasileiro que demanda esse tipo de profissional mais completo, segundo Camilla Ferrari, presidente do Sindoméstica (Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos).
 'O patrão ganhando mais, ele valoriza o empregado doméstico. Agora nesse último ano as domésticas tiveram ao menos 30,8% de aumento salarial, o que em parte é atrelado tanto a melhora da qualificação ao bom momento da economia [...]. Hoje temos domésticas que chegam a ganhar R$ 2.000 e não querem de jeito nenhum largar a profissão.'

Nenhum comentário:

Postar um comentário