O lançamento de água do mar a partir de helicópteros militares na usina nuclear de Fukushima não surtiu os efeitos pretendidos pelos especialistas que tentam resfriar o superaquecido reator 3, e evitar um desastre de grandes proporções no Japão, com vazamento de material radioativo. Segundo informou nesta quinta-feira (17) a empresa operadora da central atômica, a Tokyo Electric Power (TEPCO), os altos níveis de radiação não diminuíram.
A maior preocupação neste momento é o reator 3 da usina nuclear, onde dois helicópteros das Forças de Autodefesa (Exército) lançaram água pelo menos quatro vezes de manhã. Segundo a TEOCO, os níveis de radiação seguirem estáveis.
O nível de radiação ao redor da central, onde estão alguns trabalhadores, é de 3 mil microsievert por hora, frente aos 1 mil microsievert por ano que se consideram seguros para a saúde humana.
Os helicópteros lançaram água de uma altura de 90 metros, quando o nível de radiação se situava em 4,13 milisievert por hora, segundo explicou nesta quinta-feira o ministro de Defesa japonês, Toshimi Kitazawa.
O governo do Japão, no entanto, assegura que não há planos de ampliar o perímetro de segurança estabelecido num raio de 20 km da usina de Fukushima.
O porta-voz do governo, Yukio Edano, assinalou também que o Japão “entende” a recomendação dos Estados Unidos para que seus cidadãos em um raio de 80 km da central abandonem a zona, mas insistiu que, por enquanto, o Japão não considera necessário ampliar o perímetro estabelecido.
Cerca de 200 mil pessoas foram retiradas nos últimos dias em um raio de 20 km da usina de Fukushima, enquanto foi recomendado que aqueles que vivem entre 20 e 30 km não saiam de suas casas, fechem as janelas e evitem usar os aparelhos de ar-condicionado.
Nesta quinta, as autoridades japonesas aumentaram em 28 mil o número de pessoas retiradas nas localidades próximas à usina nuclear. Estas pessoas foram levadas para centros de amparo na província de Fukushima e nas zonas de Niigata e Togichi, segundo a rede de televisão “NHK”.
A usina afetada fica a 240 km ao norte de Tóquio.
O governo japonês alertou que um blecaute pode ocorrer em Tóquio nesta quinta, reflexo dos problemas de provisão de energia elétrica depois que o terremoto de sexta (11) atingiu e danificou usinas nucleares que abastecem o país e a região da capital japonesa.
O ministro da Indústria, Banri Kaieda, citado pela agência local de notícias “Kyodo”, pediu que as operadoras de trem da área de Tóquio suspendam o serviço.
A usina foi bastante danificada pelo terremoto de magnitude 9 seguido de tsunami, que atingiu a costa noroeste, provocando mortes, devastando regiões da costa e causando uma crise energética, econômica e humanitária no arquipélago.
A preocupação internacional sobre a situação da usina cresceu ao longo da quarta-feira (16). Os novos acontecimentos na usina, bastante afetada pelo grande tremor são "muito sérios", disse o chefe da agência nuclear da ONU, Yukiya Amano.
Imagem da TV japonesa mostra helicóptero militar lançando água sobre o reator 3 na manhã desta quinta (17) (Foto: AFP)
Foto de satélite feita nesta quarta-feira (16) pela DigitalGlobe mostra a usina de Fukushima Daiichi. Vapor pode ser visto saíndo dos reatores 2 e 3. Também podem ser vistos danos nos reatores 1 e 4 e em outros prédios. (Foto: AP)
O chefe da AIEA, Yukiya Amano, disse que vai visitar o país nesta quinta para obter mais dados sobre a situação. "Quero ver como podemos ajudar melhor o Japão", disse em Viena, na Áustria.
Ele afirmou que foram confirmados danos no núcleo de três reatores da usina. Mas disse que ainda é cedo para dizer que a situação está "fora de controle".
Em meio à retirada de estrangeiros, equipes continuavam procurando vítimas do tremor e do tsunami nas regiões costeiras afetadas.
O número oficial de mortos passa de 5.100, mas a expectativa é de que ele cresça. Cerca de 8.606 pessoas continuavam desaparecidas e 450 mil estão desabrigadas, em abrigos provisórios, e enfrentando frio e falta de comida.
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