segunda-feira, 9 de agosto de 2010

VINHO - A melhor bebida do mundo, depois da água - parte 3


- Olá!  Estamos de volta, após uma ausência de quatro dias, afinal, os últimos dias foram de muito trabalho, né? E, mal tivemos tempo de organizar a 'agenda', para aquele descanso merecido no sábado e também no domingo. Mas, pelo título do post, vocês já devem ter percebido que iremos falar do vinho, novamente, algo que será assunto frenquentemente aqui neste espaço. E, sempre agradecendo a CBN Express, que nos passa temas interessantes. E, vamos, um brinde...
Alta temporada - A semana começou com visitantes de importância no Rio e São Paulo. O Decanter Wine Show 2010 trouxe estrelas consagradas e outras em ascensão. São produtores de primeira grandeza que já passaram pelo estágio "alternativo", embora ainda sejam, por definição e escolha, uma alternativa às grifes e aos nomes famosos. Dos que exploram uvas raras e nativas, as "autóctones", tão celebradas hoje pelos italianos, vieram quase 20, defendendo as qualidades de uvas como a ribolla gialla italiana, a alfrocheiro preto portuguesa, a trebbiano d'abbruzzo, a garganega da região de Soave, Itália, a viura e a verdejo da Rioja espanhola, a teroldego da região do Trentino na Itália. Uma visita ao salão abriu para o estudioso um universo de conhecimento plural, sedutor e estimulante.
Dos 20 melhores... - Entre as presenças da Europa, uma da Alemanha se destacava por seus vinhos cristalinos, de pureza medieval. Trata-se da casa Hermann Dönhoff, o primeiro entre os vinhos da região do Nahe (um rio bem pequeno, uma região que lembra um pouco os contos de fadas, entre os rios Mosela e o Reno, não muito longe da cidade de Moguncia, onde Gutenberg inventou a imprensa). Dönhoff está lá há mais de 200 anos. E foi o neto do proprietário, Kornelius, quem apresentou as obras-primas da uva riesling que só aquelas lonjuras escondidas podem fazer crescer, num terreno que tem de tudo, do calcário ao vulcânico. Para muitos críticos, a Dönhoff está entre os 20 melhores produtores de vinho do mundo. Tendo a concordar.
Nomes difíceis, vinhos fáceis - O que não quer absolutamente dizer que sejam vinhos unidiomensionais, facinhos ou simples. Ao contrário. Uma riqueza de aromas e texturas e uma profundidade poucas vezes sentida na uva riesling. O vinho de entrada de linha, o que seria o mais básico, de tal forma me seduziu que pedi mais - felizmente havia uma segunda garrafa para atender aos quatro convivas. O Oberhäuser Brucke 07 é um fenômeno. Um vinho de equilíbrio total entre a acidez e a textura de fruta, com um ataque inicial no nariz de aroma profundo e um fim de boca bem longo - e, acreditem, 9,5% de álcool - o supra-sumo da elegância. Vai ser difícill apresentar vinhos brancos no início de um jantar depois de espécimes como este.
Ainda o rio - Donhoff está à beira de um rio, como disse acima, pequeno e sinuoso. Há ali vários tipos de terreno. Como acontece, aliás, nas demais latitudes do Reno e do Mosela. O problema com os vinhos alemães entre nós é antigo - mas não existe só aqui. Em Berlim também. Em Hamburgo também. Poucos alemães, sobretudo os do Leste, conhecem ou provaram os vinhos do Reno. Eles são e sempre foram a gaveta guardada com segredos, às vezes a sete chaves, pelos produtores, que atendem principalmente aos compradores alemães do sul, gente com dinheiro, da Baviera, da região de Frankfurt, da Floresta Negra e do próprio Reno. O vinho alemão de qualidade é um fenômeno local. E espetacular.
Outros atores - O Decanter Wine Show mostrou outros defensores de uvas nativas que convém observar com atenção. A uva ribolla gialla cultivada pela casa Villa Russiz pode não agradar aos mais acostumados com as suavidades do novo mundo, mas é certamente uma redescoberta instigante, provocadora. Da mesma forma o petit manseng, de Alain Brumont, está fadado a fazer sucesso entre os pesquisadores de autenticidades. Da uva lagrein já se falou aqui, porque o produtor Alois Lageder lhe dedica cuidados, mas a produtora Elena Walsch a exibiu com orgulho alpino. Verdejo, viura, alvarinho, sauvigon-gris, teroldego, aglianico — enfim, essas uvas para nós aqui fizeram um desfile de mistérios europeus dos quais pouco tínhamos ouvido falar.
Um abraço e até a próxima.

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