Franceses na Argentina - Na semana passada, foi François Lurton, vinicultor e personagem da história moderna do vinho quem visitou Rio e São Paulo. Lurton foi diretor do Chateau Cheval Blanc, ícone de Bordeaux. Com o irmão Jacques procurou uma fronteira nova para desenvolver a maneira de Bordeaux, o estilo de vinhos macios. Onde? Na Argentina, no Chile, na Espanha e na Região do Languedoc, França, onde estão os Domaines François Lurton; nas regiões espanholas de Rueda y Toro, a Bodega François Lurton. Na Argentina e no Chile se concentra boa parte de suas energias: a Bodega François Lurton de Mendoza e a Hacienda Araucano. Os vinhos são modernos, a malbec domina, mas há experimentos importantes com sauvignon gris e outras surpresas. Mais um produtor francês no eldorado argentino. Assim eles vêem Mendoza.
Longínquos e diferentes - A semana se passou com provas fora da rotina. Em lugar de produtores novos de regiões conhecidas, fui buscar em regiões antigas, mas pouco divulgadas, produtores enraizados em suas terras. Fazem vinhos locais, de uvas nativas e agora começam a aparecer nos catálogos. É uma volta ao passado, no gosto e no estilo. É mesmo? Minha surpresa foi encontrar muitos vinhos tradicionais do Sul da Itália, por exemplo, envelhecidos em carvalho novo, pelo menos em parte. E também muita concentração, bem ao gosto de Robert Parker e dos compradores americanos. O Salice Salentino Pezzo Morgana, da uva negroamaro, é um exemplo adequado: de robustez e personalidade, rústico no gosto - mas passou um tempinho em carvalho e na safra 05 está concentrado demais. Esperemos os mais recentes.
Segredos de Chablis - Até na nossa literatura chablis tem um pequeno papel. Não havia bons almoços nem jantares sem ele. Uma mesa de antepastos e comidas frias tinha à vista um balde champagne e um de chablis. De tal forma o vinho se difundiu que o número de produtores cresceu assustadoramente. E as denominações também foram multiplicadas. Por quatro. Agora existem o Petit Chablis (o básico), o Chablis comum, o Chablis Premier Cru (que compreende villages) e o ChablisGrands Cru, os mais procurados e os mais caros, obviamente. Estes são sete - Valmur, Les Clos, Bougros, Vaudésir, Blanchot, Valmur Grenouilles e Les Preuses. São vinhos opulentos e complexos, dispensam comida. Osa Premiers Crus exigem escolta; entre eles destaco Vaillons, Montmains, Montée de Toinertrre, Fourchaume e Mont de Milieu.
Sutilezas alemãs - Fiquei sabendo de um restaurante de Leme, o D'Amici, onde os vinhos alemães e austríacos têm destaque na carta. É, sem que se suspeitasse, a melhor carta de vinhos daquela parte do mundo. Não me perguntem por que. Mas amigos que frequentam me disseram que foi um trabalho de catequese, viajantes que traziam algumas garrafas de raridades. Seduziram sommeliers e restaurateurs a ponto de eles abastecerem a adega com títulos como os rieslings de Robert Weil da linha Charta (uma primeira abordagem amigável e fácil para o consumido). Fritz Haag, gênio do Mosel, também está presente na carta, assim como a obra prima da civilização ocidental, os vinhos naturais de Hsn Mirshing na Francônia, intocados, cristalinos, luzentes e perfumados. Só os apreciadores de vinhos brancos vão lhe dar o devido valor.
E austríacas - Willi Brundlmeier era o nome que Nova York conhecia até pouco tempo - e ele mesmo me contou num almoço em Salzburgo que os vinhos austríacos da uva grüner veltliner eram a moda nos Estados Unidos. Substituíam o drinque da happy hour. Fiquei escandalizado e ele, filosoficamente, raciocinou: essa moda não vai durar. Os griunber veltliber vão se impor ao mercado pela qualidade deles, intrínseca - resultado de um terroir esplêndido, às margens do Danúbio, cultivados com o mesmo cuidado reservado às parcelas de riesling. Pockl, Hirtzberger, Knoll, Prager e Kracher são outross grandes nomes que aos poucos o mercado de vinhos finos vai conhecer - e pelos quais vai, como eu, se apaixonar.
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