quarta-feira, 22 de setembro de 2010

VINHO - A melhor bebida do mundo, depois da água - Parte 7

Ao sul da Borgonha - Como os preços dos borgonhas brancos, os melhores que há, estão absurdos, negociantes e distribuidores se voltam para as denominações ao sul dessa região mais procurada, a Cote d'Or cada vez mais cara, na esperança de fixar um nicho de mercado para quem gosta de vinhos brancos equilibrados e sensatos em termos de preço, fluidos e sem pretensões. Essas regiões são nomes a guardar, alguns dos quais já vagamente familiares aos compradores de vinhos franceses. Macon, Rulli, Montagny, Givry e, sobretudo, Mercurey, que junto com Rully ficam próximas dos subúrbios de Beaune. São vinhos simples, de qualidade, que aos poucos abandonam o excesso de madeira.

Uva potente - Não tanto pela gradação alcoólica, mas pelos taninos a princípio duros que aos poucos vão se amaciando, a uva nativa Taurasi da região da Campania, Itália (onde fica Nápoles) precisa de algum tempo de respiração em decantador e não vai seduzir muitos enófilos assim imediatamente. É, como dizem os ingleses, um gosto adquirido. Uma beleza que só aos poucos se descobre; como as ostras, as ovas de peixe, o foie gras, o bacalhau, as próprias especialidades da cozinha japonesa - iguarias que não seduzem crianças, mas têm milhares de adeptos. O Taurasi, 100% agliânico, é vinho acima de US$ 100 aqui para nós em São Paulo.

Terreno ideal - Para essa uva que ainda é um mistério entre nós consumidores brasileiros, as terras da Casilicata, extremo sul da Itália, são o berço natural. Ali ela viceja, amadurece e mostra as dificuldades de vionicação - que hoje os produtores domam com mestria cada vez mais afinada. As escarpas abruptas do Monte Vulture se tornaram conhecidas entre os pesquisadores por causa da agliano del vulture, vinho que atinge preços a princípio inexplicáveis. Mastroberardino, Feudi di San Gregorio, D'Angelo, Paternoster e Basilisco (cujo Aglianico del Vulture chega a mais de R$ 200,00) - são os nomes a guardar. Vinhos potentes, espessos, feitos à moda antiga em sua maioria e com traços de aroma e palato únicos.

As clássicas modernas - Os bordeaux 09 estão sento trombeteados como a safra do século. Pode ser, como diz nosso Ancelmo. E as demais regiões, quais as safras históricas que as marcaram? No Rhone, é a de 9-, como uma menção especial para 2005. Na Borgonha as coisas são mais complicadas. Prefira os 2002 e 2005 para os brancos, comece a abrir os tintos 99, que devem estar no ápice. Mas não esquecer os clássicos 90, e grandes produtores, se ainda houver. Na Toscana, nenhuma bate a 85, que já dá sinais de fadiga. Mas 95 e 2006 são promissores e podem se tornar referência. No Pimemonte, barolos e narbarescos 90 e 2004 são difíceis de bater.

Na altitude e no frio - No Hemisfério Sul, os críticos prestam atenção ao que acontece na Austrália e na Nova Zelândia onde faz frio e existem quatro estações no ano. Chile e Argentina variam pouco de safra para safra. Por serem regiões semidesérticas e terem alta tecnologia de vinificação, o resultado a cada ano é bem mais uniforme. Existem variações em alguns vales, como Casablanca e Maule, no Chile. Mas em Lujan de Cuyo, na Argentina, a produção é bastante regular. Já a Nova Zelândia sofre com mau tempo na costa, seca no planalto e primaveras frias.

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