sexta-feira, 10 de setembro de 2010

VINHO – A melhor bebida do mundo, depois da água – parte 5

Os recordes Quais os vinhos que alcançaram maior preço nos leilões, em todos os tempos? Todos acertariam se respondessem que são os vinhos de Bordeaux, França? Não, porque está nessa lista de notáveis um de outra região, Borgonha - que talvez seja o coração do coração da França. Mas os campeões são previsíveis, porque frequentam há muito os sites das casas leiloeiras na internet como os mais caros (não para os asiáticos): Mouton-Rotechild, Latour, Pétrus, e, mais recentememte, o Lafite que vai bater todos este ano com a safra 2009. O Romané-Conti? É o vencedor na categoria formato regular, 750 ml, com um Montrachet 90, vendido a pouco menos de US$ 10 mil em maio de 2009.
Recorte dos números Vale a pena dissecar esses preços. O Château Latour era de 61, uma das safras do século, em formato jeroboam, 4,5 litros. Uma garrafa enorme, mais para gorda do que para esguia. Foi arrematada na Christie's de Nova York em 2006 por US$ 135 mil. O Mouton vendido na Sotheby's em 2007 bateu a marca: US$ 310.700. O Pétrus em formato Imperial, 6 litros, esta sim uma garrafa gigantesca, que precisa de uma três pessoas para erguer e servir, era da safra 2000, e foi vendido em Chicago por modestos US$ 59.760. O Montrachet foi arrematado em Chicago - e relativamente, ganhou de todos porque era apenas uma garrafa. Merece. É talvez o melhor vinho do mundo. E é branco...
Paraíso dos ecológicos Quem quiser experimentar vinhos impecáveis, cristalinos, sem interferência humana - além da mínima necessária na adega, na espera do engarrafamento - vai ser inexoravelmente atraído pelos austríacos, cada vez melhores e mais frescos. A safra 09, que tive o prazer de degustar numa breve viagem a Salzburgo, tem fruto, flor, frescor e complexidade. Mantém a característica agreste e leve que sempre se casou à perfeição com os peixes dos lagos daquela região montanhosa, próxima aos Alpes Bávaros. As duas uvas regionais, riesling e gruner veltliner, contam histórias diversas. São a bandeira dos austríacos, que bebem menos cerveja e mais vinho.
Riesling Nessa uva a Áustria se distingue dos alemães porque as margens do Danúbio, obviamente, não têm o mesmo terroir das margens do Mosela e do Reno, o microclima é outro. São também encostas, poluição zero, cuidados com o meio-ambiente ainda mais restritos que em outras regiões da Europa. E, sobretudo, tratando-se do vale do Danubio, uma região pouco habitada, de ampla variação de temperatura entre a noite e o dia, e uma observância da tradição do vinho branco que impede o uso de madeira nova. Agora existe ali uma paixão pelo tinto da uva pinot noir e das nativas blauburgunder e zweigelt, também tintas, que aos poucos vão sendo apresentadas ao mercado internacional.
Grüner veltliner e os nomesO vinho branco que os austríacos bebem com ligeireza, a qualquer hora do dia, sem comida ou mesmo com aquelas esplêndidas salsichas - uma charcuteria de fazer inveja aos outros europeus e da qual nunca nós ouvimos falar - é o branco da uva grüner veltliner, fresco e, às vezes, capaz de maturação macia e lenta. Atinge gradação mais elevada que os rieslings, e os austríacos são orgulhosos delas. Não existe produtor de riesling que não faça um belo grüner veltliner, às vezes mesmo para fazer concorrência ao outro. Os nomes a guardar, disponíveis no Brasil, são Brundlmeyer, Prager e Kracher. Mas os importadores deveriam prestar atenção a Knoll, Hitzberger e Pichler, autores de pequenas obras-primas.

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